Nova técnica recupera movimentos em ratos

16/06/2008
Noticia

Uma pesquisa coordenada pela Doutora Katherine Athayde Teixeira de Carvalho (Neurologista/Pediatra e Doutora em Biotecnologia pela UFPR), do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe (Curitiba-PR) e publicada na revista Transplantation Proceedings no mês de abril conseguiu devolver os movimentos a ratos paraplégicos. No estudo foram usadas células-tronco adultas do próprio indivíduo (rato). Depois de receber as células, os animais foram submetidos a condicionamento físico (treinamento) por um período de seis semanas.

Para avaliar o resultado da pesquisa, o grupo adotou a escala de avaliação motora BBB, que estabelece um escore de 0 a 21, sendo que 21 é o movimento perfeito e 0 é a total ausência de movimento. Os animais que participaram da pesquisa tinham escores abaixo de 8. Eles foram divididos em quatro grupos e os resultados obtidos foram os seguintes:

Valores referentes à diferença em percentual da Avaliação Funcional da Escala BBB

Grupo 1 Receberam células-tronco e condicionamento físico Melhora de 930%. Média do escore final = 17,17
Grupo 2 Receberam células-tronco, sem condicionamento físico Melhora de 563% Média do escore final = 13,25
Grupo 3 Não receberam células-tronco e não tiveram condicionamento físico Melhora de 243% Média do escore final = 11,42
Grupo 4 Receberam células-tronco e não receberam condicionamento físico Melhora de 571% Média do escore final = 11,75

Segundo a pesquisadora, as chances das células implantadas terem se diferenciado em neurônios são muito pequenas. “Provavelmente o que aconteceu é que as células progenitoras da linhagem hematológica (células mononucleares da medula óssea) tiveram efeito antiinflamatório ou liberaram fatores parácrinos: anti-apoptóticos e/ou tróficos, esses associados aos exercícios físicos, proporcionaram um excelente resultado”, analisa.

A cientista lembra ainda que a terapia foi iniciada no momento agudo do trauma. “Fizemos outro experimento com paraplegia crônica e não obtivemos resultados satisfatórios”, revela. Este estudo também foi publicado no Transplantation Proceedings.

Katherine diz ainda que o modelo de pesquisa pode facilmente ser transferido para o ser humano sem nenhum embargo ético, pois na terapia são utilizadas células do próprio indivíduo (à semelhança do que já é feito nas cardiomiopatias). O próximo passo para que isso aconteça, segundo ela, é desenvolver um protocolo de atendimento às vítimas de trauma medular fechado (que não exigem cirurgias) e com choque medular e submissão à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP).

A pesquisa foi fruto de uma parceria entre a UFPR- sob a coordenação do Prof. Doutor Raul Osiecki (Centro de Performance), da PUC-PR (Núcleo de Regeneração Neuronal) e do Instituto Pelé Pequeno Príncipe (Grupo de Pesquisa em Terapia Celular e  Biotecnologia na Medicina Regenerativa), coordenados pela Doutora Katherine. O trabalho foi tese de mestrado do aluno da Universidade Federal do Paraná, Ricardo Corrêa da Cunha, e contou com o apoio de dois ortopedistas: Emiliano Neves Vialle e Luiz Roberto Gomes Vialle (PUCPR), no que concerne ao modelo de impacção padronizado por ambos. No mês de abril, dois artigos produzidos pelo grupo foram publicados na Transplantation Proceedings, com os resultados do estudo crônico e agudo.